Nova seita islâmica com táticas insurgentes causa pânico em Namicopo

Nova seita islâmica com táticas insurgentes causa pânico em Namicopo

Nova seita islâmica com táticas insurgentes causa pânico em Namicopo

Residentes do bairro Nahene 1, situado em Namicopo, Nampula, onde muitos habitantes são originários de Cabo Delgado, alegam que membros de uma mesquita local estão se comportando de maneira suspeita, similar à de grupos armados que têm aterrorizado Cabo Delgado desde 2017.

Os seguidores da mesquita Ab Bun Umair, conhecida como "Mesquita do Cajueiro", estão sendo alvo de denúncias. Os moradores observam que a forma como os fiéis se vestem e se comportam durante as orações, além das peculiaridades em suas práticas religiosas, assemelha-se ao comportamento dos insurgentes de Cabo Delgado.

Relatos anônimos indicam que o vestuário dos fiéis é considerado estranho e que muitos deles aparentam desconhecer a forma correta de rezar. Além disso, muitos vêm de áreas rurais distantes e carregam mochilas, o que tem gerado estranhamento entre os residentes locais.

As autoridades locais, temendo represálias, não comentaram o caso. No entanto, a Polícia da República de Moçambique já está ciente da situação, após os residentes terem formalizado suas denúncias na Quinta Esquadra em Namicopo.

Os depoimentos dos residentes, que em sua maioria fugiram de Cabo Delgado, são unânimes em expressar preocupação. Eles preferiram permanecer anônimos devido ao medo de represálias. Um deles relatou: “Deixamos a mesquita devido à transformação do ambiente. O grupo já havia sido expulso de outra mesquita por problemas semelhantes e se estabeleceu aqui. Eles impuseram regras rígidas, como a proibição de calças compridas durante as orações, substituídas por calças cortadas. Esses sinais de familiaridade com o que vivenciamos em Cabo Delgado nos deixaram alarmados.”

Outro residente, também pedindo anonimato, destacou: “Estamos preocupados com o comportamento dos frequentadores da mesquita e questionamos se ela possui influência provincial ou distrital, já que muitos fiéis vêm de outros distritos. As mulheres se cobrem completamente, o que dificulta nossa identificação e aumenta nossa apreensão.”

O entrevistado expressou seu medo com base nas semelhanças entre o vestuário observado em Cabo Delgado e o que viu recentemente. Ele lembrou que, antes de 2017, em Mocímboa da Praia, os moradores haviam alertado as autoridades sobre a presença de pessoas suspeitas carregando pastas, mas não receberam atenção. Ele teme que o grupo da mesquita de Nahene tenha intenções semelhantes às dos insurgentes de Cabo Delgado devido às semelhanças nas ações.

Amade Pires, primeiro secretário do círculo 16 de Junho, na Unidade Comunal de Nahene 1, é o único a falar abertamente sobre o assunto. Ele destacou que, se vários residentes estão levantando preocupações sobre uma das três mesquitas da área, a situação é grave e requer ação policial. Pires observou que as autoridades locais estão aguardando uma resposta da polícia, uma vez que a investigação está em andamento.

“Em Nahene, há três mesquitas, e esta é a única que gera preocupações devido ao uso peculiar dos lenços e à falta de resposta aos cumprimentos. Eu costumava frequentar a mesquita, mas parei devido a esses problemas, indicando que algo está errado”, afirmou. Ele acrescentou que as autoridades estão cientes da situação, e a falta de ação por parte da polícia é preocupante.

Nossa equipe visitou a mesquita e encontrou situações que confirmam as alegações dos moradores. Um homem, que se apresentou como responsável pela mesquita Ab Bun Umair em Nahene 1, inicialmente recusou-se a gravar a entrevista. Após insistência, ele alegou que as acusações eram infundadas, afirmando que a mesquita segue uma doutrina diferente, e que foi detido por quinze dias devido às denúncias, mas liberado por falta de provas.

A Polícia da República de Moçambique confirmou que está investigando as denúncias. O Chefe do Departamento de Relações Públicas no Comando Provincial da PRM em Nampula, Dércio Samuel, prometeu fornecer mais detalhes após a conclusão do relatório da equipe investigativa.

É relevante notar que a província de Nampula é frequentemente associada ao recrutamento de jovens para os insurgentes de Cabo Delgado, com algumas especulações sugerindo que mesquitas possam ser usadas como pontos de recrutamento.

Fonte: Jornal Rigor

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