Francisco Manjate, conhecido pelo seu dom na oratória e experiência como professor, destaca-se pela sua passagem pela banca. Venâncio Mondlane, ex-deputado pela bancada da Renamo na Assembleia da República, busca assumir o comando do Estado moçambicano, numa empreitada solitária, sem respaldo de nenhum partido político. Embora enfrentando desafios, mantém-se resiliente, visando liderar um amplo movimento político e social. Durante uma entrevista concedida ao "Notícias", Televisão de Moçambique e Rádio Moçambique, Mondlane apresenta as principais propostas de seu plano de governo, destacando a importância de resgatar o senso de pertencimento entre os moçambicanos.
Acompanhe a entrevista a seguir.
ENTREVISTADOR (Not.): Com formação em engenharia florestal, experiência como professor e passagem pelo setor bancário, quais foram os motivos que levaram Venâncio Mondlane a ingressar na política e qual é a sua principal motivação?
VENÂNCIO MONDLANE (VM): O que me impulsiona é um profundo desejo, enraizado em mim desde sempre, de aliviar o sofrimento alheio. Esse sentimento surgiu de maneira quase instintiva em minha vida e se manifestou em diversas formas ao longo do tempo. Em todas as minhas ações, o foco sempre foi em servir aos outros mais do que a mim mesmo. Por isso, antes de iniciar minha trajetória na política, dediquei muitos anos como ativista social.
Até que ponto a experiência no ativismo social foi significativa para você?
VM: Sim, fui líder de uma associação ativa por mais de três décadas. Sempre me dediquei às atividades cívicas, educacionais e agora políticas, buscando aliviar o sofrimento dos outros. Ao longo desse caminho, muitos me chamaram de "a voz dos sem voz", pois essa era realmente minha marca distintiva.
N: Nos últimos 10/15 anos, você esteve envolvido ativamente com vários partidos políticos, como Frelimo, MDM, Renamo e CAD. Existe a possibilidade de você lançar seu próprio partido agora?
VM: Todas as possibilidades estão em aberto, mas atualmente estou focado em uma meta específica, com um cronograma eleitoral bastante apertado. De fato, nossa campanha eleitoral está prestes a iniciar nos próximos dias.
N: Você está considerando formar seu próprio partido político?
VM: Neste momento, minha prioridade é a batalha eleitoral em curso, dadas as circunstâncias e eventos já amplamente conhecidos. Estou concentrado em liderar uma frente unida de vários partidos políticos, organizações e membros da sociedade civil para esta eleição. Após isso, veremos o que o futuro reserva.
N: Sabemos que as formações políticas geralmente representam as preocupações das massas. No entanto, ao candidatar-se à Presidência da República sem o apoio de nenhum partido, a quem esta pessoa está verdadeiramente representando?
Quando eu deixei meu último partido político devido a eventos que se tornaram bastante públicos, passei um tempo refletindo sobre meu futuro. Recebi pressão significativa, tanto nas redes sociais quanto na mídia e da família, todos expressando um apoio incondicional. Eles diziam: não importa o partido político ao qual você pertence, nós acreditamos em seus ideais e vamos te seguir e apoiar. Neste momento, a questão do meu antigo partido político está relacionada ao contexto político e jurídico existente em Moçambique. No entanto, sinto-me mais confortável representando uma frente unida e ampla de diversos partidos, sociedade civil e até mesmo aqueles que não se identificam com organizações específicas, mas que compartilham a visão de construir um Moçambique melhor, mais patriótico e solidário.
VM: Acredito que a principal mensagem que tenho estado a transmitir e que resume as nossas ações é a ideia de que este país é nosso. Ao longo do tempo, tenho percebido uma diminuição do sentimento de pertença e identidade com a nossa nação. Considero isso uma lacuna que todos partilhamos e assumi a responsabilidade de liderar uma nova era focada em resgatar esse sentimento de identidade nacional. Quero que os moçambicanos se orgulhem da sua terra e recuperem o sentimento de pertença à nossa nação. Esse valor é o que me motiva, é algo que transcende barreiras partidárias ou grupais, sendo mais uma crença universal para os moçambicanos. Penso que represento e acolho todos que se identificam com essa ideia.
A forma como eu governaria Moçambique, se eleito sem o apoio de nenhum partido político, seria através de um governo inclusivo e colaborativo. A minha abordagem seria baseada na transparência, na escuta ativa das necessidades do povo e na busca de consenso em decisões importantes para o país. Enquanto Chefe de Estado, manteria uma relação de diálogo aberto com todos os setores da sociedade, promovendo a união e a participação cívica. Acredito que a governação eficaz requer o envolvimento de todos os cidadãos, independentemente das suas afiliações políticas, para construir um futuro melhor para Moçambique.