Quem é quem nas presidenciais?
Certa vez, um alto dirigente do Estado afirmou que Filipe Nyusi "não é nada sem a Frelimo". Se olharmos para trás, podemos lembrar de Hélder Muteia, que, quando foi Ministro da Agricultura, sugeriu a possibilidade de privatizar a terra, e acabou sendo publicamente repreendido por Marcelino dos Santos, que questionou: "Quem é Hélder Muteia?". A verdade é que, dentro da Frelimo, poucos conseguiriam se manter relevantes sem o apoio do partido.
Se até Filipe Nyusi, sem a Frelimo, não teria a mesma relevância, imaginar que ele poderia ter concorrido às eleições presidenciais como independente é impensável. Quantos votos ele teria conseguido?
E o que dizer de Daniel Tchapo, se ele decidisse concorrer à presidência como independente? Quantos votos ele teria?
Ossufo Momade, fora da Renamo, conseguiria realmente concorrer à presidência? Quantos votos ele teria? E por quanto tempo sobreviveria politicamente?
Lutero Simango, sem o MDM, conseguiria fazer uma campanha eleitoral eficaz como candidato independente?
Entre todos, Venâncio Mondlane é o único que concorre como independente à presidência. Mesmo assim, ele tem despertado preocupação nos outros candidatos, que contam com poderosas máquinas partidárias.
Em vez de atacá-lo com termos pejorativos, a academia e os estudiosos deveriam se perguntar: quem é este homem que desafia partidos consolidados? Como ele consegue atrair tantas pessoas e gerar tanto impacto, a ponto de ser chamado de "prostituto político"? Por que as massas parecem preferi-lo?
Seus adversários se preocupam mais com ele do que em apresentar seus próprios programas de governo. Por que não se dispõem a debater publicamente com ele sobre o futuro de Moçambique?
Um aviso final: se a Renamo e o STAE/CNE não se prepararem adequadamente, Ossufo Momade pode não ser o segundo candidato mais votado. Contudo, a Renamo provavelmente continuará como o segundo partido mais votado, garantindo assim os recursos destinados ao segundo colocado.
Fonte: Damião Cumbane