Ex-bastonário da Ordem dos Advogados critica o ministro do Interior por declarações sobre raptos
O antigo bastonário da Ordem dos Advogados, Gilberto Correia, expressou descontentamento em relação às declarações do ministro do Interior, Pascoal Ronda, sobre a questão dos raptos no país. Correia considera que Ronda foi infeliz ao desafiar a Comunidade Islâmica a apresentar provas de envolvimento de governantes nesses crimes e defende que é necessário vontade política para combater essa forma de delinquência.
Segundo Correia, as declarações de Ronda minimizam as preocupações legítimas de um grupo que se sente inseguro com o aumento dos raptos, sem receber esclarecimentos adequados. Ele enfatiza que, como responsável pela investigação e proteção contra crimes graves, o ministro deveria levar a sério tais questões em vez de desvalorizá-las.
O ex-bastonário argumenta que cabe ao Estado garantir segurança e esclarecer os casos em questão, sem necessidade de pressionar a sociedade a apresentar provas. Correia destaca a importância de valorizar a percepção dos cidadãos e iniciar investigações sérias para apurar possíveis envolvimentos de governantes nos raptos, em vez de desencorajar denúncias.
Para Correia, a falta de vontade política é um dos principais motivos por trás do aumento desses crimes, sugerindo que conflitos internos e receio de revelações comprometedoras podem estar influenciando a ineficácia das medidas adotadas pelo Governo. Ele apela a uma postura mais determinada das autoridades no combate aos raptos, utilizando todos os recursos disponíveis para enfrentar esse problema.
Em certas ocasiões, foi viável buscar tecnologia estrangeira e colaboração internacional. Surgiu uma sensação de que o Governo não estava interessado ou não facilitava isso, possivelmente devido a conflitos internos que poderiam resultar em descobertas capazes de ameaçar sua autoridade política. É crucial que as autoridades políticas decidam de uma vez por todas que o combate ao sequestro, usando todos os recursos disponíveis, é uma prioridade absoluta para o Estado moçambicano.
O ex-bastonário da Ordem dos Advogados propõe que se considere também solicitar ajuda externa para lidar com a questão dos sequestros.
Fonte: O país